PATRICIA MARRA’S Blog

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SEREMOS TODOS VELHINHOS POBRES?

 

O brasileiro não está se preparando para assegurar seu padrão de vida após a aposentadoria, é a conclusão de uma
pesquisa que entrevistou 500 funcionários de empresas do país, sendo mais da metade da amostra, das classes A e B.

O estudo revela que se poupa muito pouco no Brasil, em relação a outros países emergentes. No Brasil, o percentual da poupança doméstica em relação ao PIB é de apenas 15%, contra 22% no México; 31% na Índia; e 55% na China.

Quanto aos entrevistados, 71% revelam que não economizam para a aposentadoria, embora a maioria tema não ter dinheiro na velhice, para arcar com as despesas básicas depois de se aposentar. 70% temem não conseguir pagar assistência médica, 69% acreditam que os recursos poupados vão acabar antes do previsto e 63% acham que não vão poder sustentar os pais e sogros.

Esses dados são alarmantes, ainda mais quando a atual constatação é a de que o brasileiro nunca esteve tão endividado. Essa é a conclusão de um estudo recente, que comprova o que já desconfiávamos. A mentalidade de comprar a prazo, Considerando apenas se a parcela cabe no bolso, sem fazer conta da taxa de juros cobrada, não é apenas dos consumidores de
baixa renda, tradicionais compradores das Casas Bahia. Esta é a mentalidade comum do brasileiro, independente
de poder aquisitivo: endividar-se, comprar mais do que ganha, não levar em conta a taxa de juros e considerar apenas se as parcelas cabem na renda mensal.

Até as empresas do setor de luxo já aprenderam que este é o país da parcela, e marcas como Cartier, Tiffany, Armani já parcelam seus produtos de preço médio de R$ 75 mil em seis parcelas. O Brasil é o único país do mundo em que as passagens da American Airlines são parceladas.

O brasileiro, que está sendo chamado de “homo economicus brasiliensis”, compra tudo a prazo, parcelado –  iates, imóveis, carros,
jóias e roupas. E acredita que paga um veículo em 30 vezes sem juros. Num cenário de altos juros como o nosso, o resultado é: assalariado com renda mensal de R$ 1.300 com dívida acumulada de R$ 31.500; vendedora com renda mensal de R$ 3 mil e dívida de R$ 40.000; médico com renda mensal de R$ 25 mil e dívida de R$ 70.000. Estes são apenas alguns exemplos revelados na pesquisa e em comum, todos já estão com suas dívidas fora de controle.

O endividamento do brasileiro, que em 2006 era de 18% está em 30% da renda anual, em 2011.  E as linhas de crédito que mais crescem, são justamente as que cobram os maiores juros: cheque especial e cartão de crédito.
Conseqüentemente, a inadimplência geral das pessoas físicas teve a maior expansão em nove anos – de -2% em 2010 para 22% em 2011.

A continuar como está, essa mentalidade de conseguir status a qualquer preço, sem paciência para fazer poupança, comprando tudo em parcelas que “cabem no bolso”, e num cenário de altos juros, seremos todos velhinhos
endividados e pobres, dependentes de nossos filhos.

Patricia Marra, agosto de 2011.

 

Dados: Pesquisa realizada pela seguradora MetLife, publicada na Revista Exame, Edição 996, que entrevistou 500 funcionários de empresas do país, sendo mais da metade da amostra, das classes A e B; Pesquisa encomendada pela Exame, publicada na Edição 997, realizada pelo Instituto Ipsos.

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Publicado em 8 de agosto de 2011 por .