PATRICIA MARRA’S Blog

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“Medíocres do mundo, eu vos absolvo!”.

Hoje eu vou dividir com vocês, meus queridos amigos, uma experiência que vivi, pela manhã, ao levar minha filha para a excursão da escola. Mas para que vocês entendam, vou começar de quando resolvi participar de um grupo no facebook, de mães, que se tornaram amigas, porque seus filhos estão na mesma escola. O objetivo inicial do grupo era o de marcarmos nossas festinhas, trocarmos dicas de serviços, livros, passeios com as crianças, combinarmos caronas, enfim, de tudo o que faz parte da nossa rotina de mães, que não é fácil, então, a gente se ajuda.

Ocorre que uma mãe resolveu compartilhar com o grupo um acontecimento desagradável na escola, que colocou a todas nós, preocupadas com o nível de ensino e a qualidade na seleção dos professores. Daí o grupo, que é fechado, começou a inflar, com outras mães, e também pais, interessados em saber o que se passava. Nós combinamos de eleger algumas representantes para irem conversar com a Diretoria da escola, para que não fosse gerado um tumulto. E não é que antes disso, já recebemos um email da Diretora da escola, posicionando-os sobre os fatos, prestando esclarecimentos? A parte triste é que o email era dirigido apenas às “sócias-fundadoras” do grupo, e dizia que era uma resposta para atender aos vários pais que se dirigiram, indignados, à Direção da escola, por não concordarem com o nosso “levante”, “motim”, que colocava em risco a paz da escola e a de seus filhos. Exatamente estas palavras, e foram estas que me levaram a escrever a vocês.

Os fatos foram esclarecidos, embora, a gente sabe, a verdade mora em cada um de nós. Daí, voltando ao episódio de hoje, pela manhã, enquanto aguardávamos o ônibus da excursão, eu ouvia uma rodinha de mães com o assunto predileto da escola, nesse momento: o absurdo da criação do grupo, as bobagens que postávamos lá, como dicas para se encontrar um motorista, etc, etc. Então, agora, vamos às reflexões, que é isso o que interessa e que eu gostaria de compartilhar com vocês. O resto é malquerer, não vale a pena.

A primeira é que pude constatar como realmente, o poder da rede social é grande. E daí a responsabilidade que nós consumidores temos, ao exercer nossa cidadania, em questionar sim, pedir explicações e até mesmo o de reclamar sobre todos os serviços que recebemos – de lidar com esse poder com responsabilidade, porque estamos lidando com marcas que outras pessoas levaram anos para construir.

A segunda é a de como a sociedade brasileira ainda é atrasada, conservadora, em relação aos consumidores americanos, por exemplo. No Brasil a gente tem vergonha de reclamar, de discutir, e qualquer encontro ou ajuntamento, é visto como “motim”. Deve ser herança do AI-5 e dos anos de Ditadura Militar.  Questionar os serviços de um médico ou de uma escola,  então, nem se fala, os setores de saúde e educação privada são tratados como “sacerdócios”, não podem ser questionados, afinal, quem é você, leigo?  Ainda mais quando se trata de marcas já reputadas, que em tese, passaram por todas as provas; como se isso fosse perene.

A terceira é pessoal, especialmente dirigida aos meus familiares e amigos de infância, que ficarão orgulhosos. Vocês sabem que esta pessoa, há alguns anos, não “deixaria barato”. Por muito menos, já “larguei a mão” em muita gente, como dizem lá na minha terra. Até porque percebi que elas me reconheceram como membro do grupo e estavam comentando para me provocar. E vocês sabem, tem duas coisas que me tiram do sério: injustiça e hipocrisia. A boa notícia para vocês é que me tiravam do sério. Hoje eu respirei fundo, encarei o que realmente importava – a minha caçula, na janela do ônibus, rumo a sua segunda excursão. Acenei pra ela e fui embora, andando, calmamente. Confesso que por alguns minutos, quase estraguei alguns anos de análise.

Enquanto eu me afastava da escola, caminhando, pensei que aquele grupo, onde me incluo, representa a elite sociocultural do país. E se é isso mesmo, este pessoal recebeu o que o país tem de melhor, em termos de educação, cultura, estrutura familiar. Então só posso pensar em como o ser humano ainda é pequeno, rasteiro, frágil, suscetível. Eu me lembrei da cena final do meu filme predileto, quando o Salieri, completamente insano, após anos de luta contra a genialidade de Mozart, gritava nos corredores do hospício, para todos os outros loucos “- Medíocres do mundo, eu vos absolvo!”.

 

8 comentários em ““Medíocres do mundo, eu vos absolvo!”.

  1. Ligia Marques
    10 de abril de 2012

    Parabéns! Sem palavras para dizer muito mais que isso mesmo: Pa-Ra-Béns e orgulho de ser sua amiga,Patricia. (Ligue o som e ouvirá aplausos!)

  2. Marisa Rodrigues
    10 de abril de 2012

    Parabénsssssssssssssss, Patricia, pela criação do blog, e pelo belíssimo post. Por isso que eu estava te achando sumida. Ocupastes muito bem o seu tempo, organizando as informações, num blog bacana e antenado.Quanto aos medíocres do mundo, eles sempre existirão, e infelizmente, serão sempre a maioria. Temso que aprender a ter compaixão, é essa palavrnha mágica que tenho tentado soletrar, diversas vezes por dia, prá não sair no braço, ou descer do salto, mais. Temos que abolvê-los e nos apiedarmos, ainda, de todos eles!!!!

  3. Ana Amaral
    10 de abril de 2012

    Para variar, sem palavras…Amiga eterna, sou mesmo sua fã incondicional! Beijos e parabéns por não ter atirado pérolas aos porcos!!! bjks Ana Amaral

  4. Rosana Jacob
    10 de abril de 2012

    Pa, vc é demais!!!!!! Ganhei o meu dia logo cedo…Eu e a Aninha ficamos imaginando a sua cara na cena ( consigo visualizar direitinho!! ) e não consegui NÃO gargalhar.
    Agora, ÊÊÊÊPPPPPA, a história do motorista foi pra mim!!! E se não fosse o grupo Mães da Móbile, não estaria com um ótimo, dividido com a minha vizinha.
    Bjs

  5. lidiane
    10 de abril de 2012

    Meu Deus, vc escreveu exatamente tudo o que eu queria dizer e nao saberia me expressar de melhor maneira!! PARABENS PATY!!!!

  6. Irma Perdigão
    11 de abril de 2012

    Paty,
    P E R F E I T A!!!!!
    Seu texto é perfeito e perfeito também esta o seu pensamento!
    Ficar se incomodando com gente que não entende as coisas, gente que não compartilha com as pessoas queridas os seus problemas, duvidas, questionamentos é simplesmente inútil.
    Nós mulheres inteligentes e “ocupadas” também temos as dificuldades que todas as demais também tem, como por exemplo arrumar um motorista, filhos usando a internet e nos sentirmos insegura em relação a isso. Nós temos a grandeza e a humildade de mostrar as nossas fraquezas, as nossas dúvidas e compartilhar com pessoas que acreditamos que podem nos ajudar. Para isso mesmo nos unimos e nos aproximamos, surgindo assim os grupos.
    Não me arrependo de modo algum de ter criado o grupo e não o mudarei, sei que as pessoas que estão lá e que não compartilham dos mesmos interesses, essas que não veem lógica no grupo e só entraram pra causar, acabarão em algum momento saindo do grupo por livre e espontânea vontade, quando a “fofoca” não lhe for mais útil, isso se chama seleção natural.
    Afinal no nosso grupo não temos espaço para “coração peludo”.
    Muito orgulhosa dessas amigas que o grupo nos permitiu conhecer!

    Bjs

  7. Marcela Campista
    11 de abril de 2012

    Paty, parabéns!
    Vc foi extremamente coerente nas suas reflexões. Infelizmente as pessoas são mesquinhas e preconceituosas e adoram se envolver em picuinhas e fofocas. Mas deixa pra lá, pq vc é uma pessoa digna e honrada e fico orgulhosa por tê-la como amiga.
    Bjs e continue maravilhosa. Sou sua fã moça!!!

  8. pmarra
    11 de abril de 2012

    Eu gosto é disso, de ser reconhecida por pessoas que considero infinitamente, melhores que eu. A lista aí de cima é um belo exemplar. Beijos a todas.

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Publicado em 10 de abril de 2012 por .